Durante estas semanas, você pôde ter um aperitivo
dos elementos que compõem a cultura hip-hop e parte de
suas histórias.
Como em todo e qualquer seguimento cultural de contestação,
há àquela “banda podre”, que, independente
de sua cor, raça, credo ou estado social, se apropriam
do hip-hop para o seu beneficio individual. Não desqualifico
em nenhum momento o trabalho dos autênticos questionadores
do cotidiano, que, através de sua rima aproximam a sociedade
para uma discussão evitada, todavia, não posso atar
minhas vistas para aqueles alguns, que se apresentam em um discurso
arrojado, declarando-se os “porta-vozes da periferia”,
apropriando-se do rap como o divulgador de um caos sem soluções,
fazendo transparecer sua maldade intencional, bem similar à
atitude muitos políticos no Brasil, que se mantêm
em seus cargos a custa do estado de miséria da maioria.
Já imaginou se as coisas melhorassem neste momento a respeito
da pobreza e da violência nas periferias do país?
Talvez, muitos destes “artistas urbanos”, se considerariam
desempregados devido a ausência de assuntos calamitosos
para nutrir suas inspirações musicais. Por outro
lado, há também aqueles, que, pelo fato de nunca
terem feito parte do contexto social de exclusão, preferem
voltar suas atenções e interesses unicamente para
o lado do entretenimento, alijando por completo os conceitos pregados
pela Universal Zulu Nation. Para estes, o que importa é
ganhar muito dinheiro imitando os incoerentes comportamentos dos
clipes de rap gringo. Só Deus sabe o que estas pessoas
vão abraçar na próxima temporada...!
Sendo assim, baseado nos critérios do hip-hop, há
5 anos, resolvi iniciar uma pesquisa que se aprofunda nos ensinamentos
de consciência política, conhecimento, sabedoria,
entendimento, liberdade, justiça, igualdade, paz, união,
amor, respeito, responsabilidade e diversão, superação
de desafios, vida, verdade, fatos e fé –
modelos básicos que constituem a definição
do 5o principal elemento difundido por Bambaataa – que se
originou em um livro, ainda sem editora: Acorda Hip-hop!
Despertando um Movimento em Transformação.
O livro aborda com detalhes, como se deu o nascimento de cada
elemento, e, posteriormente, o surgimento da cultura hip-hop e
a sua chegada no Brasil, dando seguimento a sua adequação
em nosso próprio ambiente cultural. O segundo momento do
livro, aborda dezoito problemas existentes em nosso ecossistema
ideológico, que se transformam em capítulos passivos
de discussão, daí, personalidades do meio e membros
não tão conhecidos, mas com peso de conteúdo
participativo, abrem suas opiniões, a fim de o leitor,
possa formar sua opinião definitiva em relação
ao nosso movimento. O Acorda Hip-hop!, também contará
com um variado acervo de fotos e matérias de jornal, que
demarcaram a presença do hip-hop nos EUA e Brasil, caricaturas
e mapas explicativos sobre os estilos do graffiti e as danças
de rua.
Independente do que se venha pensar, sobre a elaboração
desta obra, o verdadeiro interesse deste projeto, além
de desencadear uma rica discussão sobre o assunto, é
despertar nos membros e simpatizantes do movimento, o amor pela
leitura e pelo conhecimento a cerca do próprio hip-hop
e toda realidade a sua volta....